29.10.06

A Furna de Lujó

Santa Maria de Infias
A Furna dos Mouros


A Furna de Lujó como lhe chamou Martins Sarmento, fica no Monte de Alijó, a poente da primitiva Igreja de Infias, muito pertinho da Capelinha de Santa Ana.
O imaginário dos povos está povoado de lendas e narrativas, em que mouras encantadas e aguerridos combatentes estreitam laços com populações locais e não raras vezes associadas a imensos e incalculáveis tesouros.
A nossa região está carregada dessas lendas que abundam um pouco por todo o lado, em que o pavor dos infernos está sempre de mãos dadas com o sobrenatural.

“O fiador principal da existência do misterioso povo por este sítio é a «Furna dos Mouros», já hoje conhecida dos arqueólogos por um escrito do nosso amigo, o pro­fessor Pereira Caldas. Tem quatro palmos de largo, o dobro de alto, uns doze de extensão e está aberta no plano vertical dum enorme penedo (que se diria cortado à serra de alto a baixo!) e para uma das suas extremidades. Ë fácil porém de ver que a mão do homem pouco tem a ver com aquilo. Se compararmos a furna com uma porta, seremos bem entendidos, dizendo que a ombreira esquerda apresenta na parte superior uma larga fenda bruta, que a separa do corpo do penedo e é fácil de conhecer então como a furna foi produzida. A mesma convulsão da natureza, que pôde desagregar o que chamamos ombreira, reduziu a maiores ou meno­res estilhaços a parte da rocha, onde hoje vemos a porta, e o homem não fez mais do que extrair os estilhaços, adaptando aquele abrigo a um uso qualquer. Isto, já se vê, na hipótese de que a «Furna dos Mouros» tenha sido utilizada pelo homem. Para o acreditar, não temos outra garantia senão a lenda popular e não é ela das mais próprias a catequizar os incrédulos. A Furna, diz a crença do povo, era a entrada para uma mina subterrânea, que levava a um pequeno ribeiro do vale. Imagina-se que riquezas por ali haverão. Por isso os sonhadores de tesouros vêm periodicamente revolver a terra, que se tem acumulado no pavimento da furna. O alvião (utensílio rural) não deve tardar a encontrar rocha dura; mas os crendeiros (os que acreditam) nem assim perdem a ilusão; levam apenas o desengano de que não tiveram a fortuna de encontrar a comunicação com o subterrâneo, que lá está por baixo.
Temos por certo que a Furna dos Mouros era uma sepultura da mesma espécie e que ela forneceu também algumas antigualhas, cujo préstimo se não percebeu, deixando aos comentadores ampla liberdade para atribuir ao esconderijo a serventia, que melhor lhes pareceu.(…)”

In – A Furna de Lujó – Dr. Francisco Martins Sarmento
PS. Sem pedir autorização e sem aviso prévio, um vírus (que não da Gripe das Aves) entrou na minha máquina e lentamente começou a deglutir as suas entranhas. Por pouco chegava ao coração...
Com o meu pedido de desculpas e um abraço aos meus fieis visitantes
Júlio César

1 comentário:

Anónimo disse...

Não fui eu que o mandei, pois não?
Arranje um anti-virus eficaz pois teria pena de perder este blog.