Nomes prá história
António Alves Teixeira, O Vizela
“Um outro artista, com menor representação, infinitamente mais humilde, duma encantadora simplicidade, mas possuidor de reais condições para vir a ser um invulgar pintor chamava-se António Alves Teixeira, que pouco depois de ter entrado na antiga Academia Portuense de Belas-Artes e não demorar em ser notado por mestres e condiscípulos, recebeu o cognome de Vizela por justamente ser esta a terra da sua naturalidade. Dizem os seus raros biógrafos que o moço vizelense viera para o Porto em 1854 iniciar os seus estudos de pintura. Embora aos sete anos de idade (!) tivesse dado mostras de natural e invulgar disposição para as artes, esculpindo em ardósia uma ingénua e delicada figurinha, a verdade é que só aos dezoito deu início aos seus aturados estudos na citada Academia Portuense.
A propósito deste artista, escreveu Manuel Maria Rodrigues - outro minhoto a quem a crítica de arte não poucos serviços ficou devendo - as palavras que passo a transcrever do último fascículo da excelente revista «Arte Portuguesa», que em 1882, sob a égide do genial Soares dos Reis e Joaquim de Vasconcelos, teve a colaboração dos nossos melhores artistas e escritores:
«António Alves Teixeira, mais conhecido pelo apelido Vizela, nascera em 3 de Junho de 1836 na freguesia de S. Miguel das Caldas de Vizela, sendo filho de Domingos Alves Teixeira, artífice laborioso, e de Maria Pereira. As suas tendências para as belas-artes manifestaram-se em tenra idade, tendo apenas sete anos quando esculpiu em lousa uma pequena imagem. Apesar de tão felizes disposições, seus pais desejavam que ele fosse para o Brasil, e nesse intento tinham-lhe conseguido passagem em um navio que saia do Porto, quando se lhe deparou aqui um artista, que adivinhando-lhe a vocação, o levou cons
igo para Lisboa. Passado tempo, porém, o pequeno artista viu-se obrigado a regressar a casa de seus pais, e estes, convencendo-se afinal de que a melhor carreira que ele podia seguir era a das belas-artes, obtiveram-lhe agasalho nesta cidade para poder frequentar a Academia, onde se matriculou em 1854, sendo sempre o primeiro do seu curso, apesar da falta de recursos pecuniários o obrigarem a prolongar as férias indefinidamente, a fim de obter os meios de subsistência por meio de trabalhos que fazia de mera curiosidade, como imagens de madeira, pintura das mesmas, douramentos, etc.».
Mais adiante refere ainda o crítico: «Concluído o curso de pintura, o artista regressou à terra do seu berço onde casou, sendo assaltado no meio de uma vida quase de penúria, pela doença que o matou e que já se havia pronunciado ainda quando estudante. Os seus antigos condiscípulos, sabendo as privações com que lutava, agravadas pela dolorosa enfermidade que padecia, promoveram-lhe uma subscrição mensal aconselhando-o ao mesmo tempo a que viesse ao Porto para consultar os médicos. Infelizmente os seus sofrimentos recrudesceram, até que no dia 2 de Agosto de 1863 a morte pôs termo aos seus dias e às suas desventuras».
O jovem e enfermo Artista havia apenas dado os primeiros passos na sua auspiciosa carreira, e estes, em vários aspectos, já de certo modo nos asseguravam o valor temperamental de quem tão expressivamente se iniciava. O Pintor mal teve tempo de iniciar uma obra que, pela sua estrutural originalidade, conquistaria invulgar posição no meio artístico português. Mas a morte, sempre pérfida e inexorável, não permitiu que um tão belo temperamento chegasse a completar-se de forma absoluta. Foi uma luz que se extinguiu ao despontar dum admirável e prometedor alvorecer e a Arte Nacional perdeu uma das suas mais nítidas e valiosas esperanças.

A propósito deste artista, escreveu Manuel Maria Rodrigues - outro minhoto a quem a crítica de arte não poucos serviços ficou devendo - as palavras que passo a transcrever do último fascículo da excelente revista «Arte Portuguesa», que em 1882, sob a égide do genial Soares dos Reis e Joaquim de Vasconcelos, teve a colaboração dos nossos melhores artistas e escritores:
«António Alves Teixeira, mais conhecido pelo apelido Vizela, nascera em 3 de Junho de 1836 na freguesia de S. Miguel das Caldas de Vizela, sendo filho de Domingos Alves Teixeira, artífice laborioso, e de Maria Pereira. As suas tendências para as belas-artes manifestaram-se em tenra idade, tendo apenas sete anos quando esculpiu em lousa uma pequena imagem. Apesar de tão felizes disposições, seus pais desejavam que ele fosse para o Brasil, e nesse intento tinham-lhe conseguido passagem em um navio que saia do Porto, quando se lhe deparou aqui um artista, que adivinhando-lhe a vocação, o levou cons

Mais adiante refere ainda o crítico: «Concluído o curso de pintura, o artista regressou à terra do seu berço onde casou, sendo assaltado no meio de uma vida quase de penúria, pela doença que o matou e que já se havia pronunciado ainda quando estudante. Os seus antigos condiscípulos, sabendo as privações com que lutava, agravadas pela dolorosa enfermidade que padecia, promoveram-lhe uma subscrição mensal aconselhando-o ao mesmo tempo a que viesse ao Porto para consultar os médicos. Infelizmente os seus sofrimentos recrudesceram, até que no dia 2 de Agosto de 1863 a morte pôs termo aos seus dias e às suas desventuras».
O jovem e enfermo Artista havia apenas dado os primeiros passos na sua auspiciosa carreira, e estes, em vários aspectos, já de certo modo nos asseguravam o valor temperamental de quem tão expressivamente se iniciava. O Pintor mal teve tempo de iniciar uma obra que, pela sua estrutural originalidade, conquistaria invulgar posição no meio artístico português. Mas a morte, sempre pérfida e inexorável, não permitiu que um tão belo temperamento chegasse a completar-se de forma absoluta. Foi uma luz que se extinguiu ao despontar dum admirável e prometedor alvorecer e a Arte Nacional perdeu uma das suas mais nítidas e valiosas esperanças.
Com os meus agradecimentos ao Arnaldo Macedo (www.amac70.blogspot.com/ ) por ter transformado uma simples fotocópia num retrato belíssimo do nosso antepassado. Um abraço amigo
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