16.9.06

Ainda e sempre...o Rio Vizela

Parente pobre da Associação de Municípios do Vale do Ave, o Vale do Vizela, banhado por esse rio lindo que lhe deu o nome, não pode, nem deve ficar à mercê de obras do acaso e feitas em cima do joelho e o poder reivindicativo dos povos desta Região tem de se fazer sentir.
É que, afinal, os milhões que irão ser gastos, não são propriedade de qualquer entidade que investe segundo as suas preferências, gostos e/ou interesses, mas sim dinheiro de todos nós, dos impostos que pagamos, para um determinado projecto que deverá ter a supervisão do Estado, através (neste caso) do Ministério do Ambiente.
Vizela, o Vale do Vizela, o Rio Vizela, já esperou demasiado tempo e urge dar rápida solução a um problema que se agrava dia a dia, com as inevitáveis e nefastas consequências para o ambiente e para o bem – estar de todo um povo, que elegeu o Vale do Vizela para viver.
Aquele trabalho a que se faz referência no post anterior, foi sem sombra de dúvidas um apelo dramático, no sentido de acabar com a agonia lenta de um curso de água, que a incúria, o desleixo, o desinteresse e a ganância do homem, transformou em rio de morte, como o atestam muitos dos registos deixados no livro da exposição e que me permito transcrever alguns deles: “ Maravilhosa exposição de alto interesse cultural e ecológico (...) ” (...) documento histórico para a posteridade (...) Como Fausto celebrando Fernão Mendes Pinto, assim celebro esta “Peregrinação” pelas margens de um rio (rio ainda nas fotografias mas já não no que de um rio se pode tirar - peixes, agua, banhos, bem-estar, pois debaixo de Ponte Velha, é apenas um esgoto grande). Belo, porque o tornas belo; pitoresco porque o procuras e descobres pitoresco; louvável porque o louvas em cada imagem que crias” (Vizela; Agosto de 91) “ (...) uma obra artística no sentido de exaltar a beleza que há no rio (...) uma obra de investigação sobre a vida do Vizela, de Gontim ao Ave (...) um hino à natureza, um aprofundamento do contraste entre a limpidez e a poluição” (Fafe; Fevereiro de 92) “ Na altura em que se vai tornando insuportável o “crime” que todos os dias se comete contra o Vizela (...) constitui um redescobrir da beleza do natural e da amplitude desse “crime” (...) beleza impar e fealdade lado a lado (...) não se parece com a realidade, actualmente (aqui) não é um rio, mas sim um esgoto (Vila das Aves; Abril de 92) “ Tu eras dantes Vizela/Rio de luz, tão sereno.../ De margem ridente e bela/Rio grande e tão pequeno” (...) a ecologia ganha significado com este trabalho (...) ainda bem que há gente que se preocupa com estas coisas” (Guimarães; Maio de 92)

Que estas mensagens, registadas no livro da Exposição Rio Vizela, da Nascente à Foz, entre Agosto de 1991 e Maio de 1992, sejam um grito de alerta para todos quantos têm o dever de manter o nosso rio limpo e um sinal que estaremos atentos e vigilantes, para que tudo possa ser feito, no sentido de devolver ao Vizela (e a outros rios...) todo o esplendor de outrora .

15.9.06

Ainda e sempre... o Rio Vizela

Quando, nos princípios da Primavera de 1990, um grupo de Vizelenses, partiu ao encontro e à descoberta do Rio Vizela, desde as Serras de Fafe, até ao Ave, fotografando e registando em documento vídeo, toda e beleza e encanto que o Vizela nos presenteia, nomeadamente e principalmente, desde Gontim (onde nasce, no Alto de Morgaír, a 890 metros acima do nível do mar) até à cidade de Fafe, encontro esse que deu origem a exposições fotográficas várias – vistas por cerca de 25.000 pessoas, em Vizela, Fafe, Vila das Aves, Guimarães, Vieira do Minho e novamente Vizela, todos nos convencemos que a poluição que encontramos, logo a partir de Golães, estaria (face ás noticias que nos chegavam) debelada em pouco tempo, para bem do rio, dos peixes, da água, da beleza paisagística, das populações ribeirinhas, de todos nós, do mundo afinal...
É que, estava já em fase relativamente avançada o projecto de despoluição do Ave e dos seus afluentes, Vizela, Pele, Pelhe, Selho e outros (muitos) pequenos ribeiros, que desaguam, quer no Ave, quer no Vizela, que é o seu maior afluente.

Pomposamente baptizado de SIDVA (Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave) tinha como ponto de partida, toda a despoluição dos rios Ave e Vizela e apontava como meta da sua conclusão o ano de 1996, como garantia o Dr. Parcidio Sumavielle, então Presidente da Câmara Municipal de Fafe, aquando da Exposição Fotográfica “ Rio Vizela, da Nascente à Foz”, naquela cidade.
Conscientes que todo aquele trabalho era um “bofetada” na passividade até então verificada, ingenuamente acreditávamos e antevíamos já, uns passeios de barco até à Ilha dos Amores e uns mergulhos na Cascalheira, com farnel para lanche nas margens verdejantes...
Porem e como em tudo neste País, os dias, os meses e os anos foram passando e as dezenas, centenas, milhares e milhões de contos, foram engrossando. Engrossando paredes de cimento armado em ETAR’S, com motores de arranque enfraquecidos e em interceptores gigantescos, que andam a passo de lesma e; mesmo assim, sempre e só, para as “bandas de lá”...

Finalmente, quebrada (?) má vontade e o enguiço que o nome de Vizela provocava nas engrenagens do SIDVA, parece que a almejada despoluição do Vizela vem a caminho (mais vale tarde que nunca...), sendo possível que no primeiro quartel do próximo século, os passeios de barco, os banhos, a frescura das margens, os peixes (vivos), deixem de ser somente o anseio sonhado em 1990.

Isto, se os milhões de contos (fala-se em 80 milhões para a ultima fase!) entretanto injectados no projecto não se perderem em outras aguas, tão sujas e negras como as aguas do Vizela...

14.9.06

Santa Maria de Infias

Situada a escassos quilómetros do centro da cidade de Vizela, sede do concelho ao qual pertence, Santa Maria de Infias é confrontada a nascente por S. Cipriano de Taboadelo, a sul por S. Miguel da Caldas, a oeste ou poente por S. Martinho do Conde e a norte por S. Pedro de Polvoreira.

Segundo o Inquérito Paroquial realizado em 1842, pelo Padre da Freguesia, Manuel Gonçalves de Sousa, este freguesia pouco tinha de assinalável naquela época, chegando o dito pároco a afirmar que: “Não há monumentos ou antiguidades, inscrições ou letreiros existentes ou destruídos, não há notícia de quando esta freguesia teve principio, os usos e costumes. Antes de 1834, os religiosos dos Remédios de Braga eram que apresentavam esta igreja e comiam as dízimas e primícias e davam ao pároco de côngrua 33$000 réis em dinheiro, duas rasas de trigo, catorze de centeio e dezasseis almudes de vinho verde e os fregueses davam as ofertas. Os casados cem alqueires de milho alvo e os viúvos, viúvas e solteiros meio alqueire.”

Não é, convenhamos uma leitura muito simpática daquele tempo, mas convém não esquecer que, muitas vezes, já que estes Inquéritos eram respondidos pelos párocos das respectivas freguesias, dependiam em muito, não só da boa vontade, da disposição, do saber e do interesse do próprio prelado.

Porém, a realidade não é bem assim. Santa Maria de Infias, como nos diz Júlio damas, no seu “Ad Perpetuam”: “ A terra das Caldas de Riba-Vizela, compreendendo pelo menos as freguesias de S. João, S. Miguel das caldas e Santa Maria de Infias, formou na segunda época da monarquia portuguesa um concelho ou julgado independente, com justiças privativas (...)”

A freguesia de Santa Maria de Infias, é muito rica em tradições sendo a da Confraria do Senhor das Chagas, uma das mais interessantes, e que tem muitos séculos de existência.Segundo reza lenda, a imagem do Senhor das Chagas, tem vestígios duma outra que, há muitos séculos, foi mandada esculpir por um cruzado, afim de lhe colocar uma coroa de espinhos que tinha encontrado no deserto quando regressava da Terra Santa e que pensou ser do Nosso Senhor.
De regresso à sua terra, a coroa foi colocada sobre a imagem que o cruzado mandou esculpir e todos os anos, no dia três de Maio, o sangue gotejava das feridas provocadas pelos espinhos. Isso incutiu no povo de então uma fé inquebrantável, que começaram a fazer uma procissão de penitência que, a partir de 1920, começou a dirigir-se para a Capela de Santa Ana, no Monte de Alijó.

13.9.06


Casino Peninsular

Um dos mais peculiares edifícios que podemos ver na oitocentista rua Dr. Abílio Torres, é sem sombra de dúvidas o Casino Peninsular, assim chamado por, nos tempos áureos das termas, ali ter funcionado o casino que trazia a Vizela gentes de diversas latitudes, atraídos pelo jogo.

Foi um dos períodos mais ricos de Vizela e ainda hoje se contam histórias fantásticas, que nos remetem para a magia que era a vida de Vizela naqueles tempos. Conta-se até, que certo jogador, confiando na sorte (má sorte ao que parece) perdeu a própria mulher na mesa de jogo.

Com o declinar das Termas, o Casino aqui existente, foi para a Povoa do Varzim (dizem-me…) e desde então e até há pouco tempo atrás funcionou quase sempre como um café.
Menino ainda, em finais dos anos 50, lembro-me de ver actuações de grupos musicais e não poucas vezes alguns espectáculos de pura magia, além de bailaricos, de entontecer os rapazes e raparigas daquele tempo.

Mas o vicio do jogo permaneceu e nas suas traseiras, funcionou aquilo que se chamava de Assembleia, e que mais não era que um local onde algumas pessoas de bem, como se dizia então, se juntavam para uma jogatina.

Construído entre os finais do século XIX, princípios do século XX, o edifício do casino começou por ter apenas um andar, tendo mais tarde sido acrescentado mais um andar, ficando da forma como o conhecemos hoje.

O andar superior, a ajuizar pelo tipo de azulejos que encimam a cornija, devia ter sido construído pouco depois de 1922 porque, como podemos
verificar, representam a Cruz de Cristo, tipo de azulejo que foi profusamente utilizado em construções, como forma de exaltação patriótica, devido à Travessia Aérea Lisboa – Rio de Janeiro, feito espantoso para a época, de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

É sem duvida um edifício muito importante na história de Vizela porém, da forma que está, em degradação progressiva e inexorável, não serve os interesses turísticos da nossa terra e é urgente, da forma categórica, salvar da ruína um edifício que é parte integrante da nossa história

10.9.06

Bombeiros de Vizela

Durante estes quase 130 anos de existência, muitas foram as horas de alerta, sacrifícios (e até morte), horas de abnegação, de coragem, de determinação e de um grande amor ao próximo, mas também muitas horas de alegria e merecido jubilo.

As comemorações do centenário, a recordação de grandes homens, como José Luís de Almeida, Amaro de Sousa ou António Mendonça Pinto, (aqueles de quem estive mais próximo e que já nos abandonaram, a quem neste momento de recordação, respeitosamente, curvo a minha cabeça num minuto de sincero recolhimento) e
de muitos outros directores e ex. directores, bombeiros e beneméritos (alguns felizmente ainda vivos), que passaram por aquele benemérita associação.

Foram sem dúvida grandes momentos na vida dos Bombeiros de Vizela, mas penso que um dos maiores momentos de toda a sua existência foi a inauguração do novo quartel. Pelo acalentar de um sonho, pela luta que envolveu, pelo carinho posto na sua concepção, por tudo quanto se girou à sua volta, pelos amigos que granjeou e até pelo desenvolvimento que se criou no local de construção.

Sonho? Desde quando? Só Deus o sabe. Até um dia. Até ao dia 28 de Abril de 1972. Quando a direcção de então entendeu que era hora de passar do sonho à realidade.
Ainda passariam contudo mais de 13 anos, até que finalmente, foi a gigantesca obra adjudicada a firma José Oliveira (Gastão) de Braga, depois da Direcção-Geral do Equipamento Regional e Urbano, dar o seu acordo, no dia 2 de Maio de 1985.

Mas passariam ainda mais 3 anos, tantos quantos demorou a sua construção e nesses 3 anos, quantas canseiras, quantas noites sem dormir. Felizmente nunca faltou o apoio do povo de Vizela, e não só com o seu encorajamento.

E a festa foi bonita… 111 anos depois da sua criação, no dia 8 de Maio de 1988, era inaugurado com todas as pompas o novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Vizela, na presença de todo o povo de Vizela, de muitos amigos e convidados.
Para que não sejam esquecidos, permito-me colocar aqui os nomes dos directores da altura:

Assembleia-Geral


Presidente – Dinis Eduardo Lemos Victória Corais
Vice-Presidente – Dr. Ramiro João Rocha de Freitas Machado
1º Secretário – Salvador Caeiro Brás
2º Secretário – Eduardo Armindo Leite Faria

Direcção

Presidente – Amaro Pereira de Sousa
Vice-Presidente – António de Sousa Oliveira
1º Secretário – António João Ferreira da Costa Dias
2º Secretário – Júlio César da Cunha Ferreira
Tesoureiro – Luís Fernandes de Oliveira
Vogal – Ernesto Gomes da Costa
“ - Carlos Luís Rosas de Carvalho
“ - Manuel Rogério Pinto Caldas
“ - António Domingos Carreira Lopes Guimarães
“ - Domingos Vaz Pinheiro

Conselho Fiscal

Presidente – José Ribeiro ferreira
Vice-Presidente – José Fernando da Costa Vieira
Secretário-Relator – Crau Eleutério de Almeida Vasconcelos
1º Suplente – João Joaquim Dias Portas
2º Suplente – António Dias