5.8.06


IGREJA DE SANTO ADRIÃO


Não ficaria muito bem falarmos de Vizela e esquecer as freguesias que compõem o seu Concelho.
Assim de uma forma sucinta, suave e simples, iremos ao longo dos próximos dias, abordar alguns aspectos de cada uma das freguesias do Concelho de Vizela, ressalvando o facto de reconhecermos a nossa insipiência em alguns desses assuntos. Por julgar ser do interesse para muita gente, permito-me transcrever do Portugal Antigo e Moderno, (1873) de Pinho Leal, o seguinte: “ A igreja matriz é um templo antiquíssimo e sagrada, talvez anterior ao século XI e, apesar de algumas reconstruções, ainda claramente demonstra a sua muita antiguidade. A Corografia (do grego chorographia =
descrição de uma região, de um país ou de um território - tradução minha) de Carvalho diz que, por uns algarismos que estão numa pedra nas costas da Igreja, esta seria sagrada em 1202. Não encontramos tal data, mas na pia baptismal, vê-se a seguinte: f. 1110 a. Sendo exacta esta era, que suponho ser de César, a pia acusa o ano de 1072. Na parte externa da pia, inferiormente e como segurando-a, encontram-se umas figuras em alto relevo, de anjos ou que quer que seja, uma das quais é singular pela sua posição pouco decente. Não se podem examinar todas as figuras, porque parte da pia está metida na parede. Tem a igreja quatro altares: Mor, Nossa Senhora do Rosário, Trindade e Almas. Neste último vê-se um retábulo, cuja pintura me parece de algum merecimento e como tal tem sido apreciada pelos turistas que na época balnear visitam esta igreja(…)”

PS. Fiz uma transcrição suave deste texto de Pinho Leal, por me parecer mais fácil a sua leitura…

4.8.06

O Caminho-de-ferro

Vimos já em postagens anteriores que as Águas Termais (assunto a que voltaremos em próximo convívio) contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento de Vizela, sendo até o seu principal baluarte, principalmente, a partir de 1725 e até meados do séc. XX.

Contudo e ainda por causa das Termas, o Caminho-de-ferro, também contribui de forma decisiva para que de uma maneira continuada, chegassem até a esta risonha terra, muitos das personagens ilustres daquele tempo, que aqui deixaram inúmeros testemunhos e até raízes que ainda se mantêm.

O Caminho-de-ferro chegou a Vizela em 31 de Dezembro de 1883, inaugurou-se "a secção da linha férrea de Guimarães, da Trofa a Vizella, dando entrada na estação deste nome, às 10 e 14 minutos da manhã o comboio galhardamente enfeitado e conduzindo os representantes da companhia, membros da imprensa e diferentes convidados, subindo ao nessa ocasião inúmeros foguetes, tocando ao mesmo tempo uma banda de musica e solando calorosos vivas a grande multidão de povo que atulhava a estação e suas dependências”
Às 11 e 30 serviu-se um abundante lanche no Hotel Vizellense a 42 convidados reinando sempre a maior satisfação e trocando-se eloquentes brindes.
É uma data memorável nos anaes da gentil Vizella
(Pinho Leal - Portugal Antigo e Moderno-1890)

É uma descrição fabulosa, esta que Pinho Leal nos legou e que nos transporta para épocas em a elegância de costumes e o respeito pelas coisas e pelas pessoas estavam bem vincadas e eram ponto de honra entre gentes de todos estratos sociais, o que deveria servir de exemplo nos tempos de hoje.

Presentemente, Vizela possui uma estação a todos títulos moderna e arrojada, com horários que satisfazem a grande maioria dos seus utentes, nas várias deslocações para diversos pontos do País, uma obra de concepção recente levada a cabo pela Refer, que alterou por completo o aspecto da nossa cidade.

3.8.06

Águas Termais (I)

As águas termais de Vizela, eram conhecidas já antes da denominação romana. Disto não há qualquer dúvida e a provar esta afirmação, estão duas epígrafes dedicadas ao deus Bormanicus, deus gentílico das fontes e deus lusitano, no Museu Martins Sarmento, em Guimarães.


Epígrafes dedicadas a Bormanicus, encontradas em Vizela.A 1ª na Lameira, em finais do Séc.18 e a 2ª, em 1841, junto ao Banho do Médico
Foi contudo, com a presença dos romanos, que os banhos se desenvolveram, pois sabemos que para estes conquistadores, as águas termais eram higiene e luxo. Com o declinar do Império Romano, também os estabelecimentos construídos, foram sendo abandonados daí os vestígios arqueológicos, (que deveriam estar a descoberto como testemunho de um passado de glórias…) que aqui e ali se vão encontrando. É, contudo, no dealbar do séc. XVIII, que o desenvolvimento de Vizela se faz sentir, precisamente com a descoberta de paredes de piscinas termais e ruínas de outros edifícios, “cuja descoberta por ordem da Câmara de Guimarães não continuou” (!?) (Conf. Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal). Foi por instâncias de muitos dos historiadores e ilustres arqueólogos, como Mascarenhas Neto, Martins Sarmento e outros que se descobriram muitas das actuais nascentes e a partir daqui, era praticamente impossível travar o renascimento de Vizela. Apesar disso, teria que se esperar ainda pelo séc. XVIV, com a nomeação em Janeiro de 1811, de Francisco Barroso Pereira, para que a exploração das águas e o embelezamento de Vizela, tivesse um forte impulso.








1.8.06


S. João das Caldas de Vizela

É uma das duas freguesias que compõem a cidade de Vizela (a outra é S. Miguel das Caldas) cuja história se perde na bruma dos tempos, como nos refere Pinho Leal, no “Portugal Antigo e Moderno”, de 1873.

Outros estudiosos confirmam-no, dizendo que o nome da freguesia deriva do germânico – “Gomila”, sendo provavelmente a partir do século V “ a Villa de Gumilanis”. Mais tarde, já nos aparece com o nome de S. João de Gominhães, por estar situada nas suas terras o nobre Paço de Gominhães.

Porém e numa fase posterior, surge já identificada como S. João Baptista das Caldas de Vizela. Em 1188 e segundo o Livro de Doações, D. Sancho doou a um nobre chamado «vobis Johannis de Caldes»um reguengo que a coroa tinha abaixo de S. Miguel das Caldas”, isto é, uma propriedade real, sendo no entanto quase impossível referir qual o local exacto do terreno doado aquele nobre. Sabemos, no entanto, que nas Inquirições de 1220, a freguesia era referida como “ Parochia de Sanctis Johannis de Caldes”.

Nesta freguesia, no Lugar da Cascalheira, na margem esquerda do Vizela, pouco antes da Ponte de Ferro (que poderia ser reabilitada…) funcionou a primeira Fábrica de Papel da Europa, embora alemães e franceses queiram para si a glória do invento.
Mas não lhes cabe tal honra, como ficou amplamente demonstrado pelo ilustre vizelenses Dr. Pereira Caldas, numa memória especial: “Vindificação da prioridade do fabrico do papel em massa de madeira” Foi esta fábrica fundada pelo nobre fidalgo Francisco Joaquim Moreira de Sá, dono da ilustre Casa de Sá, em Santa Eulália de Vizela. Esta Fábrica foi destruída pelos exércitos napoleónicos, sendo ainda possível, até há algum tempo atrás, ver alguns dos vestígios dessa destruição.
E, mesmo a propósito se poderá dizer que a (é ainda Pinho Leal que nos informa…) “Villa (granja, quinta…) da Cascalheira, era já conhecida no século X, pois el-rei D. Ordonho a doou com aquele mesmo nome a D. Adosinda, sua dama predilecta que segundo a tradição, ali viveu e, em 964, a permutou, como nos relata o Livro da Mumadona, existente na Torre do Tombo”.

JCF

31.7.06

Direcção Geral de Edifícios e
Monumentos Nacionais

Porque é de todo o interesse...

Ponte Velha de Vizela, sobre o Rio Vizela. IPA – Monumento – N.º IPA 14020001 – Designação: Ponte velha de Vizela, sobre o Rio Vizela. Localização: Braga, Vizela, Caldas de Vizela (S.João): Acesso EN 105 (Guimarães-Sto.Tirso), EN 106 (para Penafiel, Caldas de Vizela, sobre o Rio Vizela, no lug. da Ponte Velha, liga a R. Pereira Reis à R. Ana de Sá, Fl99. Protecção – MN (Monumento Nacional), Dec.16.06.1910, DG 136 de 23 de Junho de 1910. Enquadramento: Urbano. Zona de Caldas de Vizela que conserva ainda algumas características rurais mais já se encontra predominantemente urbanizada com casas, arruamentos, fabricas, a jusante das termas. Descrição: Ponte de tabuleiro quase horizontal com duas rampas de acesso, assente sobre três arcos redondos desiguais. As aduelas são estreitas e compridas com extradorso irregular. Tem contrafortes nos dois pilares entre os arcos. Os talhamares são triangulares e os talhantes rectangulares. Num dos pilares, acima dos contrafortes tem um olhal com arco de volta redonda. Tem guardas de cantaria de granito e pavimento com grandes lajes de granito. Utilização inicial: Ponte – Utilização actual: Ponte. Propriedade –Pública Estatal. Época de construção : Período Romano e Medieval. Cronologia: Período Romano – Provável construção inicial; Período Medieval – Reconstrução da ponte, conferindo-lho o aspecto que hoje ostenta. Tipologia – Arquitectura civil pública, romana e medieval. Ponte de origem romana, com reconstrução medieval, de arco, com tabuleiro quase horizontal com duas rampas de acesso, assente sobre três arcos desiguais.Características particulares – Apresenta um perfil muito irregular e os três arcos totalmente diferentes entre si. Conserva elementos da construção inicial romana, que servia uma importante via de ligação de Braga a Mérida. Dados técnicos – Estrutura autónoma – granito.Intervenção realizada – DGEMN, DSID: 1936/1937 – reparação e c0onsolidação das guardas, refechamento das juntas e limpeza da vegetação; 1961 – refechamento de juntas, reparação das guardas e limpeza da vegetação


S.Miguel das Caldas de Vizela
S. Miguel das Caldas é, juntamente com S. João das Caldas, uma das freguesias que compõem a cidade de Vizela, sede do Concelho com o mesmo nome. Situada na parte norte da cidade, é limitada a sul pelas freguesias de S. João das Caldas e Santo Adrião de Vizela, a nascente pela freguesia de Divino Salvador de Tagilde, a poente pelas freguesias de S. Martinho do Conde e S. Paio de Moreira de Cónegos e a norte pelas freguesias de Taboadelo e Santa Maria de Infias.É, ao que tudo indica e são vários os historiadores que o confirmam, uma das mais antigas freguesias da diocese de Braga, pois mesmo não tomando em linha de conta a ocupação pelos romanos que, ao sabemos, a ajuizar pelos vários legados que aqui e ali vão aparecendo, foi grandiosa e importantíssima, a freguesia de S. Miguel das Caldas aparece pela primeira vez referida num documento muito antigo.
Decorria o ano de 607, era dos Suevos e o seu Rei, Teodomiro, mandou que se celebrasse um Concílio, que ficaria na história, como o Concílio de Lugo, para confirmação da fé cristã e essencialmente, para a divisão dos bispados. Pelo interesse que se reveste este documento, apresentamos aqui o texto original que principia assim: «Tempore suevorum, Sub Era DCVII Theodomirus, Princeps Suevorum, Concilium in civitate Lugo fieri praecepit ad confirmandum Fidem Catholicam, vel pro diversis Eclesiae causis, etc. Episcopos contentio aliquantus fieret. Idem ad Cathedram Bracarensem, quae in vicino Sunt Centucaellas, Cotis, Milia, Luceto, Celiocis, Anosee ad portum, Agilio, Pandonis, Tauvis, Cetanio, Oculis,» etc. A tradução, um tanto livre, poderá ser assim: «Concílio que el-rei dos Suevos Teodomiro ordenou que se celebrasse em Lugo para confirmar a fé Católica e outras coisas e causas pertencentes à Igreja. As paróquias foram divididas, ficando a Catedral Bracarense com as igrejas que lhe ficam vizinhas da seguinte forma: Sunt Centucaellas, Cotis, Milia, Luceto, Celiocis, Anosee ad portum, Agilio, Pandonis, Tauvis, Cetanio, Oculis,» etc. O que nos prende a atenção é termo Oculis, que conforme atesta Pinho Leal, no seu Portugal Antigo e Moderno de 1873 e mencionando J.C. Argote, é assim chamada em razão d’uns olhos d’agua quente que nella havia” O mesmo Argote nos diz que, no ano de 1014 (anos de Cristo) ou 1052 era dos Suevos, o Rei D. Afonso V, de Leão, assinara aqui várias doações, destacando – as assim: - «in eclesiae Sancti Michaelis in Oculis Calidarum», (ou seja duas palavras latinas: Oculis = Olhos + Calidarum = água quente. Olhos de Água Quente)


Caldas de Vizela

Ponte Romana

Sobre o Rio Vizela, na estrada romana que ligava Braga a Astorga


Ponte Romana

Caldas de Vizela

Porque aquilo que pretendo fazer com a criação deste blog, mais não é, que a defesa e divulgação da minha terra (Caldas de Vizela) nas suas várias vertentes; culturais, históricas, patrimoniais, arquitectónicas, paisagisticas, turisticas e religiosas, etc. achei por bem dar-lhe o nome do seu ex. libris e Monumento Nacional, assim catalogado desde 1910