15.9.06

Ainda e sempre... o Rio Vizela

Quando, nos princípios da Primavera de 1990, um grupo de Vizelenses, partiu ao encontro e à descoberta do Rio Vizela, desde as Serras de Fafe, até ao Ave, fotografando e registando em documento vídeo, toda e beleza e encanto que o Vizela nos presenteia, nomeadamente e principalmente, desde Gontim (onde nasce, no Alto de Morgaír, a 890 metros acima do nível do mar) até à cidade de Fafe, encontro esse que deu origem a exposições fotográficas várias – vistas por cerca de 25.000 pessoas, em Vizela, Fafe, Vila das Aves, Guimarães, Vieira do Minho e novamente Vizela, todos nos convencemos que a poluição que encontramos, logo a partir de Golães, estaria (face ás noticias que nos chegavam) debelada em pouco tempo, para bem do rio, dos peixes, da água, da beleza paisagística, das populações ribeirinhas, de todos nós, do mundo afinal...
É que, estava já em fase relativamente avançada o projecto de despoluição do Ave e dos seus afluentes, Vizela, Pele, Pelhe, Selho e outros (muitos) pequenos ribeiros, que desaguam, quer no Ave, quer no Vizela, que é o seu maior afluente.

Pomposamente baptizado de SIDVA (Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave) tinha como ponto de partida, toda a despoluição dos rios Ave e Vizela e apontava como meta da sua conclusão o ano de 1996, como garantia o Dr. Parcidio Sumavielle, então Presidente da Câmara Municipal de Fafe, aquando da Exposição Fotográfica “ Rio Vizela, da Nascente à Foz”, naquela cidade.
Conscientes que todo aquele trabalho era um “bofetada” na passividade até então verificada, ingenuamente acreditávamos e antevíamos já, uns passeios de barco até à Ilha dos Amores e uns mergulhos na Cascalheira, com farnel para lanche nas margens verdejantes...
Porem e como em tudo neste País, os dias, os meses e os anos foram passando e as dezenas, centenas, milhares e milhões de contos, foram engrossando. Engrossando paredes de cimento armado em ETAR’S, com motores de arranque enfraquecidos e em interceptores gigantescos, que andam a passo de lesma e; mesmo assim, sempre e só, para as “bandas de lá”...

Finalmente, quebrada (?) má vontade e o enguiço que o nome de Vizela provocava nas engrenagens do SIDVA, parece que a almejada despoluição do Vizela vem a caminho (mais vale tarde que nunca...), sendo possível que no primeiro quartel do próximo século, os passeios de barco, os banhos, a frescura das margens, os peixes (vivos), deixem de ser somente o anseio sonhado em 1990.

Isto, se os milhões de contos (fala-se em 80 milhões para a ultima fase!) entretanto injectados no projecto não se perderem em outras aguas, tão sujas e negras como as aguas do Vizela...

1 comentário:

Anónimo disse...

"Temos viajado alguma coisa, e nunca nos deixamos levar pelo patriotismo; mas confessamos, muito à puridade, que pouco temos visto que tanto nos encante, como é o trajecto da Trofa a Vizela. O rio Vizela, e antes disso, consorciando-se com o rio Ave, quem vai do Porto depara a cada passo, a cada minuto um quadrozinho sui generis, que só artistas que não sentem, que não têm vida, artistas que não sabem o que é o belo, não têm reproduzido. Há ali a arte nas suas manifestações mais poéticas, mais espontâneas e mais simples.
Não são as margens do Tamisa ou do Sena, quase todas artificiais, nem as margens do Reno, com os seus castelos federais, mas sim as margens de um riozito inocente, que desliza serenamente, cantando endechas pastoris que nos arroubam e nos atraem. É preciso ser poeta para compreender os seus encantos; é necessário ser artista para avaliar as suas belezas."

José Duarte de Oliveira em Jornal de Horticultura ,1886

Que fizeram ao Rio Vizela?