20.8.06

Igreja de S. Paio de Vizela

Por ser interessante a sua leitura, transcrevo do Inquérito Paroquial de 12 de Maio de 1842, a descrição sobre a Igreja de S. Paio de Vizela, feita pelo Pároco da altura, Abade Jozé Manoel Teixeira Moreira
Tem a igreja de comprido 95 palmos, e de largo 25, ignoro sua fundação, sua invocação é S. Paio, o qual segundo a melhor opinião é santo português e das nobres famílias dos Cunhas e Sampaios deste reino, nascido no território de Coimbra, foi sobrinho de Hermogio, bispo de Tui, e mártir de 13 anos. Veja-se Frei Bernardo de Brito na 2ª parte do Epítome das Histórias Portuguesas, e D. Rodrigo da Cunha nas adições, a primícia parte da história de Braga, Sandoval na Crónica de el-rei D. Afonso VII a qual escreveu antes ser bispo de Tui, e outros que escreveram a sua vida; e como esta igreja está situada em uma elevação sobre o Rio Vizela, por isso se denomina S. Paio de Vizela, e antigamente S. Paio de Riba Vizela. Não há tradição ou documento algum de onde conste que já estivesse em outro lugar, sempre foi de Colação Ordinária, seu rendimento no tempo dos dízimos (do que melhor era não falar) andaria por 250$000 réis fora a3ª de todos os frutos, que pagava deste o tempo do Senhor Dom Frei Caetano arcebispo que foi de Braga, para o Conservatório dos Meninos Órfãos da [ilegível] em Braga, a residência fica contígua à mesma igreja, no que além do altar-mor há dois colaterais, um com invocação de S. Gonçalo que foi abade nesta freguesia, no qual está a sua imagem, a de Santo António advogado das coisas perdidas e da Santa Luzia advogada da vista, e outro é de Nossa Senhora do Rosário em que este também a imagem de milagroso mártir S. Sebastião advogado da peste, e de Nossa Senhora da Lapa. Tinha esta igreja bastantes trastes de prata, um grande lampadário de que lhe foi roubado pelos ladrões, de que muito abunda neste país, o resto foi para os franceses, e agora nem prata nem cobre tem.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não conhecia a igreja de S.Paio mas, depois de ver este post fiquei curiosa e tenciono lá passar.

Júlio César Ferreira disse...

Não gostaria que ficasse desiludida...É que a Igreja actual não tem nada a ver com a descrição. A descrição feita é de 1842 e de então para cá...muita coisa foi destruída.Principalmente nos anos oitenta pelas mãos de um abade pouco interessado em arte.
Além diiso( e como é visivel na foto) aquela "modernice" feita já em período DC, não foi lá muito feliz.

Anónimo disse...

Realmente reparei na modernice,mas tinha esperança que tivessem tido cuidado em preservar a "história". Mas, pelos vistos valores mais altos se levantaram. Uma pena.